BLOG CARLOS RIBEIRO ARTES

domingo, 23 de outubro de 2011

ARQUIVO CULTURA...


Povo  Abestalhado Homenageia Escritor Jorge Desalmado

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1951-Jorge Amado e camaradas em Stalingrado (hoje, Volgograd), onde esteve para receber o Prêmio Stálin da Paz

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Há séculos atrás, Erasmo de Rotterdam já havia "dado a dica" em sua obra-prima O Elogio à Loucura: "o ignorante, alienado- não sofre...veja as crianças, por exemplo, a alegria da infância, é a idade mais agradável, porque a natureza dá às crianças um ar de loucura.....A Loucura é educada pela Inebriação e pela Ignorância, e seus companheiros inseparáveis são a Preguiça, a Falta de Vontade, o Esquecimento, o Elogio"



Sábado passado, dia 06 de agosto, fez 10 anos que o escritor baiano Jorge Amado morreu e, amanhã-10 de agosto, se vivo estivesse, completaria 99 anos de idade. Terá início, oficialmente, o ano do centenário do escritor, onde acontecerão tantos eventos e comemorações que, chegaremos até 2012 "esbarrando" com Jorge Amado em museus, cinemas, teatros e até no carnaval, onde ele será o personagem do samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense, no Rio de Janeiro.

No casarão azul situado no Largo do Pelourinho, onde está sediada a Fundação Casa de Jorge Amado, serão realizadas conferências e mesas-redondas que versarão sobre a vida e obra do escritor. Enfim, o tamanho da oferta cultural em torno de Jorge é de atordoar qualquer um. Porém, há um detalhe: em momento algum, nessa agenda repleta de eventos e informações sobre o autor, será mencionado o seu passado sombrio, onde ele escrevia pra quem pagasse mais e melhor, independentemente do que tivesse que por no papel. Com fama de ter sido comunista de carteirinha, na verdade, o maior ideal de Jorge Amado, não era o comunismo ou o socialismo...e sim, dinheiro no bolso!



Mas, como sabê-lo? Afinal de contas, com o povo ignorante e alienado que habita este Brasil varonil, o negócio é deixar rolar a festa e, eventualmente, até lágrimas pela morte do autor! E vamos curtir o grande ícone da literatura brasileira, que foi, recentemente, aclamado até como um dos "embaixadores" do Brasil no exterior!


O que ninguém conta, em meio a tantas homenagens, é que o escritor do cacau conseguiu defender, ao mesmo tempo, dois dos maiores tiranos do século XX: Adolf Hitler e Josef Stálin! Foi ferrenho propagandista do nazismo, em 1940 e, mesmo quando a Alemanha já havia invadido a Polônia e aos poucos conquistava a Bélgica, Holanda, Dinamarca, Noruega e França, Amado virou redator da página de cultura do "Meio-Dia", então jornal da propaganda nazista no Brasil. Não que o escritor se identificasse com a doutrina de Hitler; Jorge Amado escrevia a quem melhor o pagasse, fosse comunista, nazista ou americano.

Durante o emprego no jornal dos alemães, tentou, inclusive, convencer colegas para que trabalhassem para Hitler. Em seu livro Os Dentes do Dragão, Oswald de Andrade conta o seguinte:


"Em 1940 Jorge convidou-me no Rio para almoçar no Brahma com um alemão altamente situado na embaixada e na agência Transocean, para que esse alemão me oferecesse escrever um livro em defesa da Alemanha. Jorge, depois me informou que esse livro iria render-me 30 contos. Recusei, e Jorge ficou surpreendido, pois aceitara várias encomendas do mesmo alemão" - Oswald de Andrade, Os Dentes do Dragão, Editora Globo, 2009, página 111.

O escritor baiano, depois de certo tempo, pulou fora do nazismo, mas manteve ainda por mais 10 anos uma paixão pelo assassino Stálin. Em 1951, escreveu O Mundo da Paz, um livro inteirinho dedicado a adular Stálin e os países socialistas. Nessa época, quem não era abestalhado, já tinha conhecimento das execuções em massa cometidas pelo líder soviético. Mas mesmo assim, Jorge chamou um dos ditadores mais cruéis do século XX, que matou e martirizou milhões de pessoas, de "sábio dirigente dos povos do mundo na luta pela felicidade do homem na Terra"!!!



Famoso até no mundo soviético, onde suas obras "amantes de tiranos" tiveram mais de 10 milhões de cópias, Jorge Amado renegou, em 1956, a obra que adulou Stálin. Isso porque, nessa época, já estava ficando impossível jogar os crimes do homem para baixo do tapete. Mas até o fim da vida insistiu no nacionalismo e no regionalismo. No livro A Hora da Guerra, o historiador Boris Fausto observa que Jorge Amado tinha verdadeira fixação nos pêlos faciais do camarada Stalin. Em um artigo de 1943, Amado escreveu: "Stalin, quero alisar o teu bigode, eu te amo". Em janeiro do ano seguinte: "O largo sorriso do marechal Josef Stalin, saído de sob os bigodes como um símbolo, é o povo soviético sorrindo". Poucas semanas depois, o romancista baiano instalava-se mais uma vez sob as narinas do ditador soviético: "Stalin, o dos longos bigodes, aquele que tem um sorriso de criança inocente na face serena de sábio e de condutor de homens". Essas passagens fetichistas foram extraídas de Hora da Guerra (Companhia das Letras), coletânea de textos escritos por Jorge Amado entre 1942 e 1944 no jornal O Imparcial, de Salvador.

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Fonte : A Hora da Guerra, Fausto B.
Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, Narloch L.

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