BLOG CARLOS RIBEIRO ARTES

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O prefeito, Teatro Clara Nunes o musical ‘Quase normal’ e o cardeal




Duas vezes em três dias é um placar mais do que significativo e demonstra que o prefeito Eduardo Paes pouco está ligando para a legislação eleitoral. Depois de participar de inaugurações ao lado da presidente Dilma Rouseff e do governador Sergio Cabral, contrariando recomendação da procuradoria regional eleitoral, o prefeito e candidato à reeleição recebeu no Palácio da Cidade, sem deixar de posar a seu lado para fotos, o recém-contratado jogador do Botafogo Seedorf. Se não se importa com as acusações de abuso de poder político, o prefeito poderia, ao menos, se manifestar sobre o desastre em que está se transformando sua TransOeste, que não para de provocar atropelamentos e já mostra desgastes no asfalto, quando mal completou um mês de inaugurada. É este o novo Pereira Passos?



Tadeu Aguiar estreia no Teatro Clara Nunes o musical ‘Quase normal’, vencedor do Pulitzer 2010



O público de musicais no Brasil foi levado a acreditar que um bom espetáculo tem que custar alguns milhões de reais, apresentar duas dúzias de trocas de figurinos, subir e descer dez cenários, organizar 20 bailarinos, acomodar uma orquestra inteira e cantar uma história por meio de, pelo menos, uma dezena de atores. Pois prepare-se para uma surpresa. Nesta sexta-feira, estreia no Teatro Clara Nunes “Quase normal”, um musical com cenário único, uma banda e seis atores. E é ótimo. “Quase normal”, de Brian Yorkey e Tom Kitt, com versão brasileira e direção de Tadeu Aguiar, ganhou três Tonys e foi indicado para outros oito, durante sua temporada em Nova York, há três anos. É mesmo um musical diferente. Uma espécie de ópera rock, trata do drama de uma família desajustada — ou disfuncional como quer o português moderno — pelo transtorno bipolar de um de seus integrantes. Com a ação quase toda determinada pelas letras das canções, “Quase normal”, como pôde ser testado pela plateia que assistiu a um ensaio corrido realizado no começo desta semana, emociona da primeira à última cena. E ainda tem uma atriz — Vanessa Gerbelli — disposta a fazer o espectador sair do teatro com a alma dilacerada.





Sou do tempo em que dom Eugenio não tinha a melhor das imagens. Em plena ditadura brasileira, a Teologia da Libertação era o que se esperava de integrantes da Igreja Católica. Dom Eugenio tinha uma aparência de quem ficava em cima do muro, o que, naquela época, significa apoiar os militares. O tempo redimiu a imagem do cardeal que durante 30 anos comandou a Arquidiocese do Rio. O dom Eugenio que apareceu nos obituários publicados ontem pouco tinha a ver com a imagem do dom Eugenio de 40 anos atrás. Comecei a mudar a impressão que tinha do cardeal ainda nos anos 80. Foi num período em que ele organizava seminários na sua residência oficial no Sumaré. Durante um fim de semana, ele reunia no Palácio Apostólico representantes da camada social que se convencionou chamar de formadores de opinião. Eram políticos, jornalistas, professores, artistas que passavam um fim de semana juntos discutindo temas que, na ocasião, eram “do momento”. Como repórter, cobri uma dessas tertúlias. Não me lembro de todo mundo que estava lá. Mas lembro-me que do grupo faziam parte Ney Latorraca, Tamara Taxman, Joana Fomm, Aracy Balabanian e Zuenir Ventura. Eles podem testemunhar. Um clima de inverno suave, uma vista deslumbrante e dom Eugenio como anfitrião. No fim de cada dia, após uma refeição que todos tachavam de inesquecível, dom Eugenio reunia a turma, tocava piano, fumava charutos e dividia o vinho. Todos saíam de lá encantados com a civilidade e o bom humor da hospedagem. Eu também. Dom Eugenio, no fundo, era um boa praça.

Fonte: Blog Xexeo

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