BLOG CARLOS RIBEIRO ARTES

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Mocidade traz Dom Quixote para limpar manchas da História do Brasil





Fonte: Alba Valéria Mendonça
Do G1 Rio


Em ‘viagem’ pelos livros, o cavaleiro conhece as mazelas do país.


Enredo aponta soluções para dar a volta por cima e voltar a brilhar.

Castor de Andrade aparece em livro em fantasia que representa a educação (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)Castor de Andrade aparece em livro em fantasia que representa a educação (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)
Neste carnaval, a Mocidade Independente de Padre Miguel vai propor um choque de realidade a mais conhecida personagem de Miguel de Cervantes: o cavaleiro errante Dom Quixote. Para isso, vai convidar o homem de La Mancha para conhecer o Brasil, através de uma “viagem” pelos livros de renomados escritores brasileiros, que mostram capítulos não muito lisonjeiros.  E aos poucos, o destemido cavaleiro percebe o quanto há de manchas na história do país.
Parceria inédida na Mocidade une Edson Pereira a Alexandre Louzada (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)Parceria inédida na Mocidade une Edson Pereira
a Alexandre Louzada (Foto: Alba Valéria Mendonça/
G1)
Os carnavalescos Alexandre Louzada e Edson Pereira vão mostrar que os devaneios do cavaleiro de triste figura não são nada perto dos fatos pouco lisonjeiros da nossa história. Mas nem tudo é só tristeza. Como destaca Louzada, a estrela da Mocidade aparece como luz no fim desse túnel, como um caminho de esperança.
“Vamos fazer Don Quixote despertar do idílio dos poetas que tratam o Brasil como país tropical e mostrar que ele na verdade é um grande abacaxi que precisa ser descascado. É um país cheio de manchas que não foram apagadas, como a escravidão, a ganância que leva à corrupção, a ditadura. Até que ele é apresentado à Mocidade que vai mostrar que é possível mudar através da educação, da saúde, da cultura e do carnaval”, explicou Louzada.
Assim como Louzada que está retornando à escola de Padre Miguel com o espírito renovado e com recursos suficientes para dar asas a seus delírios carnavalescos, o enredo retrata também o momento de descarrego e esperança porque passa a escola.  A Mocidade quer limpar as manchas que fazem com que ela não conquiste um campeonato desde 1996 e não desfile entre as campeãs desde 2003. Ou seja, deixar para trás os momentos de dificuldade e dar a volta por cima, com um carnaval rico e grandioso.
Chapéu da bateria da Mocidade Independente (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)Chapéu da bateria da Mocidade Independente, que
vem representando Ganga Zumba (Foto: Alba
Valéria Mendonça/ G1)
Dom Quixote vem ao Brasil acompanhando de seu fiel escudeiro Sancho Pança e faz um passeio pela História através da literatura e da arte. Ele tem contato com a mistura das raças em ‘Macunaíma’, de Mário de Andrade, descobre a escravidão em obras de Castro Alves e Gilberto Freyre, conhece figuras como Zumbi e Ganga Zumba, tem contato com a seca, a fome e a fé do Nordeste com Guimarães Rosa, Ariano Suassuna, Euclides da Cunha e se encanta com a loucura de Antônio Conselheiro.
Ele conhece o Sul pelas palavras de Érico Veríssimo e fica chocado com a ditadura militar pelas letras de Geraldo Vandré, Chico Buarque e João Bosco. E perceber que ainda há esperança através da educação, da saúde e da igualdade social, com “A hora da estrela”, de Clarice Lispector. Segundo Edson Pereira, a escola quer mostrar que carnaval também pode tratar de assuntos sérios, como as mazelas da nossa história.
Mas que ninguém pense que se trata de um enredo triste. Ao contrário, Louzada faz questão de dizer que em todos os casos, a Mocidade mostra a reação dos brasileiros, dando a volta por cima. E não vai ser difícil mostrar o caminho que a escola vai buscar para retornar à ribalta.
“É a hora da virada, quando lavamos as manchas da Mocidade. Moinhos são vencidos e vai chega a hora da estrela de Padre Miguel voltar a brilhar”, arremata o carnavalesco.
Escultura de Sancho Pança decora um dos carros da Mocidade (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)Escultura de Sancho Pança decora um dos carros da Mocidade (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)

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