BLOG CARLOS RIBEIRO ARTES

quinta-feira, 14 de julho de 2011

SINOPSE DA MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL

Justificativa


Ao escolher Candido Portinari como tema, a Mocidade Independente vem celebrar um dos maiores nomes da pintura brasileira no cinquentenário de seu desaparecimento.

Através de suas mais importantes obras, mostraremos a trajetória este artista que acima de tudo retratou em seus quadros e murais, a história, o povo e a vida dos brasileiros, através dos traços fortes e vigorosos carregados de dramaticidade e expressão.

Esta homenagem escrita em forma de poema é a maneira mais digna encontrada para festejar este mestre que além de pintar também foi poeta e que entre outras manifestações artísticas soube tão bem ilustrar com seus desenhos os poemas de Carlos Drummond de Andrade, seu grande amigo e parceiro na versão do livro “Dom Quixote de La Mancha”, de Miguel de Cervantes.

Por fim é a Mocidade Independente que se orgulha em levar para o desfile um pouco da obra imortal de Portinari ao conhecimento do grande povo, aquele que sempre foi a sua grande fonte de inspiração.

Num voo mágico, viaja o samba, a conduzir meu povo feliz em seu viajante sonho.

Solto no universo garboso, prosa em verso, na fantasia a se tornar realidade,leva os tambores da felicidade, para despertar o artista na morada celestial.

Ó mestre, ergueis do sono esse quadro vazio. Sua obra vive no cantar de nossa gente.

Põe nas tuas mãos o teu instrumento,nas tua tela hoje é o firmamento, que a arte se deixa tingir o breu da noite, com um colorido de festa, a aquarela do carnaval.

Vai, reinventa mais um lúdico céu. Pinta por nós a nossa estrela, tu que pintaste tanto a Mocidade, deixa a tua mão deslizar Independente.

Hoje, somos as tintas que envolvem as cerdas do teu pincel, e que, na mistura das cores, por ti, Portinari, rompem a tela para a realidade e brilham no samba de Padre Miguel.

Hoje, uma moldura viva e humana enquadra a tua história na pista, e teu traço se refaz nos pés,no passo do sambista, que vai riscar murais de sonhos e estampar retratos, cena dos Brasis que tu desenhastes.

À luz da inspiração, vem fazer reluzir em nossa mente a cândida infância de tua Brodowski querida, ereflorescer os campos com suor da lida, dos mestiços viris a lavrar a ampla terra.

“Entre o cafezal e o sonho”, vem reunir retalhos e as lembranças coloridas,como as dos espantalhos a oscilar na brisa,serenos sobre as plantações.

Hoje, é um tempo que não passa.-Um turbilhão, um vento que sopra, que varre e traz recordações, e que vem devolver a ti a meninice.

Somos nós os teus meninos, sem rosto, anônimos na multidão, que fazem girar o teu mundonum rodopio frenético, como se fossem um pião, tal como um caleidoscópio
a transmutar em formas a tua imaginação.

Somos a quimera límpida, que balança livre num céu pontilhado, as vezes, de pequenas pipas e balões.

Viemos abrir o teu coraçãoe revelar esse tal sentimento, que subjugou a estética, ao adulterar a técnica pela arte livre,carregada de emoção.

Nessa força da cor que se imprime, se diluem teus nativos, descobridores, heróis desbravadores, fauna e flora a percorrer paredescomo ciclos, desvendando a história,
o caminhar dessa nação.Nesta hora, trazemos a alegria pintada em nossas caras.

O suor que transpira sob as luzes deste palco é a nossa emoção que transborda, ainda que exale de nós
a têmpera do mesmo povo sofrido, do caminhar errante, em busca da terra prometida, a vitória.

Imagina nós, os retirantes, embora a esconder a face dura da vida,como tão pungente retrataste, dando o tom da cor às palavras de “Guimarães” e “Graciliano”,a cor da dor, escassa, como a secura da terra do cangaço, por vez, na força do traço, a bravura sertaneja.

A nossa odisséia e a nossa missão é cantar-te, nosso estandarte, a glória, como quem procura buscar nas alturas a prova.

Somos cenas bíblicas, tal qual as que interpretastes, nos vemos Santos, Anjos olhados por Deus, a voar nos céus azulejados.

Viemos aqui à luta, contra o inimigo invisível, os moinhos de vento de uma aventura inventada.

À sorte, nos imaginamos fortes, como o arauto sonhadora rabiscar no papel uma estrada escrita
num poema de “Drummond”.

Somos “Dom Quixote De La Mancha”,a empunhar a lança feita de lápis de cor.

Enfim, somos todos iguais esta noite, como aqueles tantos que tua mão desenhou.

Somos o samba, o morro, a favela, a dança, a música, o contraste social, trabalhadores do sonho,assim como os da vida real.

Vamos à luta, vemos as caras das tuas caras,o autorretrato da tua alma.

Somos todos em um, a tua lembrança viva, a eterna Mocidade, modernista, revolucionária e guerreira
que, aqui neste momento, ergue a ti um monumento, um imenso mural, pintado com a nossa alegria,na batalha feliz deste dia,“Guerra e Paz” do carnaval.

Alexandre Louzada
Carnavalesco

1 comentários:

artur gomes disse...

Alô, Carlos, valeu o teu contato amigo. A Mocidade Independente de Padre Miguel, e Madrinha da minha Mocidade Independente de Padre Olivácio - A Escola de Samba Oculta no Inconsciednte Coletivo. Tem até página no Facebook. Amo a Mocidade de de Padre Miguel, sou fissurado em Carnaval.

grande abraço
artur gomes

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