Na próxima sexta-feira, dia 27 de julho, às 19h, a Secretaria de Cultura vai inaugurar, no Museu José de Dome – Charitas – uma réplica da “Roda dos Expostos”, que recebeu órfãos desde a inauguração do Charitas, ou “Casa de Caridade”, como era chamada antigamente.
Possuir uma Casa de Caridade foi um privilégio de poucas cidades da Província, especialmente porque, das oito existentes, somente três abrigavam a “Roda dos Expostos”: Rio de Janeiro, Cabo Frio e Campos:
- A proposta da réplica, feita pela pesquisadora Rose Fernandes e acolhida pela Secretaria de Cultura, é muito importante como valor simbólico do que a “Roda dos Expostos” representa na cultura do Charitas e de Cabo Frio – afirma o Secretário de Cultura, José Correia.
Na sexta-feira da inauguração, a pesquisadora Rose Fernandes fará uma visita guiada com todos os presentes, contando a história de cada cômodo do Charitas, suas transformações e funções, até chegar à réplica da “Roda dos Expostos”.
A “Casa de Caridade” foi inaugurada em 1840. A “Roda dos Expostos” já recebia crianças abandonadas desde 1832 na “Casa das Matronas”. O Charitas começou a receber os órfãos em 1840, ano de sua fundação, até o período entre 1874 e 1880, voltando a receber as crianças até o ano de 1940. Foram recebidas, em média, 35 crianças por ano. A pedra fundamental da Casa de Caridade foi lançada em 27 de julho de 1836 e foi inaugurada com o recolhimento de crianças na “Roda dos Expostos” em 1840, o que significou, à época, uma chance de sobrevivência e educação para as crianças rejeitadas que eram deixadas na Roda.
A enfermaria da Casa de Caridade começou a funcionar, oficialmente, em 1844 e em 1874 foi transferida para uma casa que deu origem ao atual Hospital Santa Isabel.
As Casas de Caridade tiveram origem em Portugal. Foram fundadas no Brasil no período colonial e a partir de 1828, com as Leis Municipais, sua fundação foi obrigatória em todos os municípios. O Charitas ou Casa de Caridade, também denominada Casa de Misericórdia, é uma instituição muito antiga no Brasil e a única que atendia a toda a população.
História do Charitas: Casa de Caridade ou Cháritas em latim, também denominada Casa de Misericórdia, é uma instituição muito antiga no Brasil, desde o período colonial, com origem em Portugal, a única que atendia de forma caritativa a toda a população carente, administrada pela Irmandade da Misericórdia, cujos membros eram pessoas da aristocracia local.
Após a Independência, com base na primeira Constituição do Brasil, a Lei dos Municípios de 1º de Outubro de 1828, transfere para os Conselhos Municipais vários encargos administrativos e entre eles a fundação de uma Casa de Caridade, a criação dos expostos e a construção de um cemitério público.
A Lei dos Municípios trazia mudanças profundas no sistema de governo atribuindo aos Conselhos municipais certas exigências incapazes de serem realizadas, principalmente pela falta de recursos, recebendo do governo subsídios, apenas, para a criação dos expostos.
O Conselho Municipal requisita um médico para cuidar dos necessitados e, em 1833, instala uma roda para receber “expostos” (crianças abandonadas) na casa da matrona Dona Marianna Roza, transferida em 1836 para a casa de D. Victória Amália.
Em 1834 a Câmara criou uma Comissão de Obras com os vereadores Alexandre de Araújo Pontes, o Padre Joaquim de Santa Catharina Loyolla, o Dr. Antônio dos Santos Porto Rocha, José Antônio dos Guimarães e o Presidente da Câmara, Joaquim Inácio Garcia Terra, e abriu uma subscrição pública para arrecadar fundos para a construção da Casa de Caridade. Em 1835, foi apresentado à Câmara o projeto do prédio elaborado pelo engenheiro oficial do império, o Major Henrique Luis de Niemeyer Bellegarde.
Em 27 de Julho de 1836 foi lançada a pedra fundamental da Cháritas. Em um ano estavam prontas as paredes referentes ao recolhimento dos expostos e à enfermaria, mas as obras paralisaram por falta de recursos. Diante das dificuldades financeiras da Câmara e a participação ativa da sociedade, em 1º de Março de 1839, a comissão fundou a Irmandade de Santa Isabel da Caridade de Cabo Frio, com 26 associados, e escolheram para juiz o Major Bellegarde e como Patrono ou Protetor D. Pedro II. Com a fundação da Irmandade ficou instituída a Casa de Caridade de Santa Isabel da Cidade de Cabo Frio, obtendo direitos legais para a captação de recursos, concedidos pelo governo com repasses através da Câmara.
As Casas de Caridade eram administradas pelas Irmandades da Misericórdia que obedeciam a um “Regulamento ou Compromisso”, para cuidarem das populações carentes, crianças enjeitadas, órfãos, presos e fazerem enterros com atendimentos material e espiritual. Em Cabo Frio, a Irmandade de Santa Isabel administrava a Cháritas, onde funcionava a enfermaria, o recolhimento de órfãos, a roda dos expostos e a Capela, como também responsável pelos sepultamentos no Cemitério de Santa Isabel.
Em 16 de fevereiro 1840, a Irmandade transferiu o sistema da roda para o prédio da Cháritas, oficializando a Instituição da Casa da Roda em Cabo Frio, mantendo como Matrona D. Victória Amália. A enfermaria começou a funcionar oficialmente em 1844 e em 1874 foi transferida para uma casa que deu origem ao atual Hospital de Santa Isabel de Cabo Frio.
A Cháritas recebeu, em média, 35 crianças por ano na roda dos expostos, desde sua inauguração em 1840, até o período entre 1874 e 1880 e continuou recebendo órfãos até 1940. A Roda dos Expostos significou a esperança de sobrevivência para muitas crianças.
Em 1847, o Imperador D. Pedro II visitou as instalações da Cháritas, assim como sua filha, a Princesa Isabel, em 1868, e fizeram doações para a manutenção desta instituição.
Fonte: Viviane Rocha com pesquisa e colaboração de Rose F.
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