BLOG CARLOS RIBEIRO ARTES

segunda-feira, 11 de junho de 2012

10 de Junho Dia de Camões - Camões É Um Poeta Rap?

Ontem, 10 de Junho foi comemorado em Portugal e, porque não, em todo mundo o Dia de Camões. A data refere-se a sua morte(1580) e foi estabeleciada a partir de 1977, para todas às comunidades portuguesas ao redor do mundo. Nesta data é comemorado "Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas", uma maneira que o estado à época se utilizou para dissolver a imagem de Portugal como um país colonizador e se criar um novo senso de identidade nacional que englobasse os muitos emigrantes portugueses espalhados pelo mundo. Essa nova ideologia foi reafirmada nos anos 80 com a publicação de Camões e a Identidade Nacional, um volume elaborado pela Imprensa Nacional contendo declarações de importantes figuras públicas da nação.


Tirando as peculiaridades da data e suas possíveis e prováveis intenções políticas, devemos reverenciar este que, sem dúvida, é um dos maiores autores e poetas da literatura mundial. Seu poema épico Os Lusíadas, por si só, já é uma obra-prima da literatura portuguesa por trazer 1102 estrofes somando-se um total de 8816 versos decassílabos.


E ao fazer uma rápida busca na internet encontrei um vídeo e matéria de adaptações do texto de Camões cantado em Rap sendo apresentado e efusivamente aplaudido e não pude deixar de publicar como minha homenagem, sobretudo, ao grande autor.


O tempo acaba o ano, o mês e a hora

O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora;



O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza;
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.



O tempo o claro dia torna escuro
E o mais ledo prazer em choro triste;
O tempo, a tempestade em grão bonança.



Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.






Em prisões baixas fui um tempo atado,
vergonhoso castigo de meus erros;
inda agora arrojando levo os ferros
que a Morte, a meu pesar, tem já quebrado.

Sacrifiquei a vida a meu cuidado,

que Amor não quer cordeiros, nem bezerros;
vi mágoas, vi misérias, vi desterros:
parece me que estava assi ordenado.

Contentei me com pouco, conhecendo

que era o contentamento vergonhoso,
só por ver que cousa era viver ledo.

Mas minha estrela, que eu já'gora entendo,

a Morte cega, e o Caso duvidoso,
me fizeram de gostos haver medo.

Luis de Camões

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