BLOG CARLOS RIBEIRO ARTES

terça-feira, 26 de junho de 2012




Com a estreia do programa de Fátima Bernardes e a extinção do “TV Globinho”, o espectador se pergunta: e como fica o público infantil que sintonizava nas manhãs da Globo? A resposta para essa pergunta, ao que tudo indica, está no horário noturno. A novela das 19h, “Cheias de charme”, é um sucesso absoluto entre as crianças. A primeira pesquisa (o group discussion) sobre a novela que a Globo realizou, há cerca de três semanas, revelou, por exemplo, que Chayene, personagem de Cláudia Abreu, é um dos personagens favoritos de quem acompanha a história de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira. O motivo: essa é uma vilã “que está sempre se dando mal”. Se para construir as cinderelas de seu enredo a dupla de autores bebeu nas histórias dos irmãos Grimm, quem não reconhece na cantora-armadora os desenhos do coiote Papa-Léguas e sua eterna — e invariavelmente malsucedida — caça ao esperto Bip Bip? Ou a peleja de Tom e Jerry, o gato que nunca captura o rato, e ainda assim está sempre correndo atrás?

“Cheias de charme” possui enredo de conto de fadas e desenho animado e conceito estético idem. Muito colorida e afeita aos efeitos especiais não aceitáveis em qualquer história realista, tem na fantasia rasgada um de seus pontos mais fortes. A faixa das 19h é tradicionalmente considerada “difícil” por todos os realizadores de televisão (quem é o sujeito na frente na TV nesse horário é a eterna pergunta). Talvez agora seja a hora de rever esse conceito. A novela das empreguetes agrada às crianças sem entretanto afastar os adultos interessados numa comédia leve.
Os bons números de “Carrossel”, do SBT, são outra mostra de que as crianças prestigiam a televisão aberta à noite, quando a programação mira nelas. A adaptação de Íris Abravanel dirigida por Reynaldo Boury não tem a explosão de originalidade da novela da Globo. Ao contrário. Mas conta com uma audiência que se traduz sempre em mais de dez pontos. São em geral meninas de entre 4 e 11 anos (dados do Ibope) atentas aos acontecimentos numa escola fictícia. Ou seja: o público infantil, essencial para a criação do hábito de ver TV na fase adulta, não deixa de estar servido.

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