Samba da Ouvidor
O dia que Candeia deu licença
A roda do Samba da Ouvidor, movimento cultural que há quatro anos e meio atrai centenas de pessoas ao Centro do Rio para manter viva a obra de compositores do século passado, deu um salto no tempo. Por volta das 19h, as músicas de Candeia, Manacéa, Aniceto da Portela, Preto Rico e Mano Décio da Viola abriram espaço para Paulo César Pinheiro, que se comparada sua data de nascimento com as dos bambas citados nas linhas acima, é um menino, mas se traçado um paralelo entre suas obras, PCP é tão mestre quanto.
A roda de samba ao ar livre e sem cobrança de entrada é um movimento histórico desde sua estreia, quando deu início ao processo de revitalização daquele trecho da cidade que um dia já foi chamado de “o centro do centro do Rio”. E a edição de ontem, sem dúvidas, foi a mais histórica.
Paulo César Pinheiro chegou por volta das 15h à esquina da Rua do Ouvidor com Rua do Mercado. Por volta das 19h, pegou o microfone de Gabriel Cavalcante, o pai da roda, e cantou três de suas músicas “Poder da criação”, “Menino Deus” e “Canto das três raças” (as duas últimas em parceria com Mauro Duarte).
A plateia provou do que muitos não experimentam há anos ou jamais provaram. Paulo César Pinheiro vive afastado dos flashes, não frequenta shows e eventos sociais. Ontem, o magistral compositor abriu uma exceção e fez do “Samba da Ouvidor” mais um palco de sua brilhante trajetória. A presença ilustre e o encontro de gerações e talentos abençoaram os presentes. Alguns retribuíram emocionados, com lágrimas nos olhos.
- Fiquei assustado com a quantidade câmera e celular tirando foto. Nunca tinha visto algo assim, uma coisa de louco. O Paulo César Pinheiro não sai de casa, há anos não vai em roda de samba. Ontem, ele apareceu e quando o convidado à roda, fez questão de cantar – vibra Cavalcante.
Em 31 de maio passado, Paulinho da Viola e Geraldo Azevedo apareceram na roda do Bip-Bip, o querido bar de Copacabana. Agora, Paulo César Pinheiro canta com a turma de Gabriel Cavalcante. Seria ótimo se as rodas do Rio voltassem a ter por perto suas grandes estrelas.
Mas uma coisa é certa: o “Samba da Ouvidor” nunca mais será o mesmo.
Fonte: Daniel Brunet
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