Alison Santos e Vinicius Nascimento se destacam nos novos longas de Breno Silveira
RIO - Diretor de “À beira do caminho”, em cartaz nos cinemas de todo o Brasil, Breno Silveira gosta de contar que escolheu Vinicius Nascimento, o jovem ator que rouba a cena no longa ao lado de João Miguel, pela força de seu olhar, extremamente marcante. Mas a decisão, pelo visto, não foi tão fácil quanto pode parecer por essa descrição. Quem explica é o próprio Vinicius, revelado ainda criança em "Ó paí ó" (2007), de Monique Gardenberg.
— Fiz a seleção para o papel do Duda com outros 500 garotos. Depois de mais de um mês e meio de testes, ficamos apenas eu e outro menino e o Breno acabou me escolhendo — explica, orgulhoso, o soteropolitano Vinicius, hoje com 14 anos e de voz muito mais grossa que a que ecoa nas cenas do longa, gravado no já longínquo (para um púbere) ano de 2010.
— Fiz a seleção para o papel do Duda com outros 500 garotos. Depois de mais de um mês e meio de testes, ficamos apenas eu e outro menino e o Breno acabou me escolhendo — explica, orgulhoso, o soteropolitano Vinicius, hoje com 14 anos e de voz muito mais grossa que a que ecoa nas cenas do longa, gravado no já longínquo (para um púbere) ano de 2010.
O “outro menino” em questão era Alison Santos, também de 14. Natural de Caruaru, em Pernambuco, Alison poderia ser mais um ator mirim de sonhos frustrados se Breno não estivesse filmando também “Gonzaga — De pai para filho”, com estreia prevista para 26 de outubro. O novo longa, sobre a relação entre o Rei do Baião, Gonzagão, e seu filho adotivo, Gonzaguinha, cairia como uma luva para aquele menino galhofeiro, mas capaz de se entregar à emoção com uma facilidade de impressionar.
— Eu estava dormindo quando me ligaram para avisar que eu não tinha passado para “À beira do caminho”. É meio estranho receber uma notícia dessas assim, dormindo, né? Até que, dois anos depois, me avisaram que eu estava em uma seleção para viver o Gonzaguinha em outro filme do Breno e foi tudo muito rápido! Um produtor ligou aqui para casa, minha mãe atendeu e ele perguntou: “Dona Dorinha, você que é a mãe do Gonzaguinha?”, aí eu fiquei feliz de verdade — conta o espevitado Alison, que tornou-se amigo do rival Vinicius quando dividiu com ele e “outros quatro moleques” a mesma casa no Rio durante os testes.
Apesar de muito jovens, os desempenhos de Vinicius e Alison impressionaram um profissional tarimbado como Breno Silveira, que arrebatou as plateias brasileiras com “2 filhos de Francisco”, em 2005, e também Cibele Santa Cruz, experiente produtora de elenco que o acompanha em suas mais recentes empreitadas.
— Durante os primeiros testes, falei para Cibele que queria um menino brasileiro. Não queria do Rio, nem de São Paulo, não queria um bom ator, queria um menino brasileiro pra caramba, que tivesse o Duda na alma. O Alison parecia até ser melhor ator, mas o Vinicius fala com o olho, fala calado, fala com a expressão, fala com o sorriso. A câmera gosta dele. Era o rosto, o jeito, o jeito como me olhava, que importou, e eu tive certeza que era ele. Foi muito encantador — explica Breno.
Cibele, por sua vez, fez coro:
— Bati de porta em porta para achar a casa do Vinicius, de quem eu lembrava de “Ó paí ó” e achava que seria bom para o papel. Cheguei lá às 23h, acordei todo mundo e gravei algumas cenas de improviso com ele, que foi pego de surpresa e nem teve tempo para se preparar. Fiquei enlouquecida com o resultado, saí mandando torpedos para a equipe para avisar que tinha achado o Duda certo. Mesmo assim, procuramos outros nomes e o Alison mandou um vídeo em que ele conta uma coisa feliz e uma coisa triste. A transformação dele foi tão impressionante que eu e Breno voltamos a ficar enlouquecidos. Tanto que ficamos divididos entre os dois até o final.
Cibele conta que, depois do périplo atrás do Duda perfeito, a escolha para o Gonzaguinha infanto-juvenil (Julio Andrade e Giancarlo Di Tommaso vivem o músico em sua fase adulta) também se deu pelo olhar (e também pelo fato de o menino, que atua em peças da escola desde pequeno, ser "extremamente bom ator", nas palavras de Breno).
— Durante a pré-produção de “Gonzaga”, eu falei com o Breno sobre o Alison, que cogitamos para outro papel, secundário. Só que recebi uma foto atual dele, que eu não encontrava desde 2010, e vimos ali que ele era o próprio Gonzaguinha. Era perfeito! Ele tem o olhar de revolta que a gente precisava.
Alison é um menino super gaiato, piadista, mas em cena ele está muito emocionado, é bonito de se ver — derrete-se a produtora, citada pelos meninos como uma peça-chave para suas atuações.
Histórias de vida difíceis marcam atores e personagens
Ambos de família humilde, Vinicius e Alison têm mais em comum com seus personagens no cinema do que imaginam. Em “À beira do caminho”, Duda conhece João, personagem de João Miguel, na busca pelo pai que nunca conheceu. Apesar de dizer que não tem nada a ver com o garoto a quem deu vida, Vinicius também foi criado apenas pela mãe, já que o pai não assumiu a paternidade. Já Alison, que come o pão que o diabo amassou nas cenas de “Gonzaga - De pai para filho” por ser adotado por Luiz Gonzaga e rejeitado pela madrasta, mal conheceu seu progenitor: ficou órfão aos dois meses, depois que o pai, agricultor, foi assassinado. As duras experiências de vida tiveram reflexos diferentes, mas igualmente bem sucedidos, na curta carreira dos jovens até então.
— Sempre tento pegar minhas qualidades e levar para frente, deixando os defeitos e as coisas ruins para trás. Fiz o Duda de “À beira do caminho” da melhor maneira possível para que esse filme me abrisse as portas no futuro, mas por enquanto não tenho nada em vista, não — explica Vinicius, em um misto de ingenuidade de menino com discurso de gente grande.
Já Alison, para não perder o costume, faz piada de sua condição.
— Perdi o papel em “À beira do caminho”, mas acabei me dando bem com “Gonzaga”, que é quase um filme de ação para mim. Quer dizer, me dando bem assim, né? O Gonzaguinha está sempre com raiva do pai e da madrasta e apanha muito, precisei chorar bastante nas gravações. Tomei muita porrada em todas as cenas, não foi fácil, não! — diverte-se.
*Fonte: Colaborou Nani Rubin - Globo/Cultura
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