Sabe aquela frase “vou chamar meu pai pra te bater”, a tábua de salvação de quem foi “pele” nos tempos de colégio? Pois ela é melhor tradução de “Bully beatdown”, programa exibido aqui na VH1 (nos Estados Unidos ele é da MTV). A atração promove uma espécie de justiçamento daqueles que tiranizaram os mais fracos na escola, no parque, na rua etc.
O apresentador — o lutador de MMA Jason Mayhem Miller — primeiro ouve os depoimentos de vítimas de bullying. São casos como o de Andy, que teve o braço quebrado em três lugares por um colega de colégio raivoso (durante o depoimento aparece a imagem do raio-X); ou o de Johnny, maltratado gratuitamente pelo namorado violento da irmã.
Em seguida, Miller traz os vilões ao palco (“não posso deixar de ouvir o lado deles”, justifica). O cavalheiro que namora a irmã de Johnny, por exemplo, se explicou: “O mundo é dos fortes, e por isso eu uso mesmo tanto a cozinha quanto a irmã dele”. E por aí foi. Alexandre Frota é um participante de um concurso de arranjos de orquídeas se comparado ao musculoso filósofo.
Finalmente, os agressores são desafiados pelo apresentador a enfrentar lutadores profissionais de MMA no ringue. A plateia uiva, os oponentes se atracam, o bicho pega de verdade no cenário, um ringue cercado por uma plateia acesa e furiosa. Caso perca a parada, o freguês também tem um prejuízo em dinheiro. Ou seja, as diferenças não são apenas medidas em músculos: a coisa é monetizada.
“Bully beatdown” não educa, não engrandece nem ambiciona a paz num, digamos, Oriente Médio de pequenos conflitos. Ao contrário, instrumentaliza os fracos para que eles, finalmente, possam revidar na mesma moeda. A atração torce todos os valores do politicamente correto. Diria mais: torce contra esses valores. Mas diverte e até empolga. E diz muito também sobre quem assiste.
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