Desconhecidos do Rock in Rio, ou ‘famosos quem?’
Fonte: O Globo/Cultura
Selah Sue. Cantora belga popular na Europa reflete desejo do Palco Sunset de apostar no novo, mas com segurança Terceiro / Fotos de Divulgação
RIO — A lógica do Rock in Rio é a das multidões. Ou seja, a dos artistas capazes de atrair dezenas de milhares de pessoas. Quem passa o olho pela lista de atrações que estarão na Cidade do Rock, porém, pode soltar um “quem?” ao ver nomes como Selah Sue, Kimbra, Ghost, Saints of Valory, Black Mamba, Aurea, Vintage Trouble e Almah. Contradição nenhuma, como explica Zé Ricardo, curador do Palco Sunset, onde estará a maioria dos desconhecidos da edição 2013 do festival, que começa na sexta-feira:
— Cada espaço ali tem o seu papel — diz Zé Ricardo. — O do Sunset é apresentar o novo. Pode ser nos encontros inéditos ou mesmo num formato, como no show de Ivo Meireles, Fernanda Abreu e Elba Ramalho, que reproduzirá as duas baterias que a Mangueira usou no carnaval. Ou pode ser também, claro, pelo fato de trazermos artistas menos conhecidos, nos quais apostamos.
Mas o curador ressalta que a lógica do festival de multidões está sempre presente:
— O artista precisa estar preparado, ter estrutura. Todos têm que ter muita qualidade e carisma, porque são 40 mil pessoas na frente do palco — diz, lembrando que ser conhecido ou não é relativo. — Em 1985, George Benson era popular como Beyoncé é hoje. Mas pessoas como menos de 20 anos agora não sabem quem ele é, nunca ouviram falar nele.
Hip hop de Portugal.
O primeiro show do primeiro dia do Sunset ilustra bem as palavras de Zé Ricardo. O palco será aberto pelo encontro de Flávio Renegado (rapper mineiro ascendente no cenário) com o Orelha Negra (representante da cena hip hop de Portugal). Logo depois, é a vez da banda americana de blues rock Vintage Trouble. No dia seguinte, o indie pop da neozelandesa Kimbra divide o palco com o batuque do Olodum.
— A nacionalidade também ajuda a compor o palco — afirma o curador. — São artistas populares em seus países. É muito legal trazer uma cantora belga como Selah Sue (com influências de reggae e soul), ao lado de uma da Nova Zelândia, como Kimbra, e portugueses como Orelha Negra ou Black Mamba (calcado na música negra americana).
Os motivos que explicam os desconhecidos do Palco Mundo, o principal do Rock in Rio, são outros. Idealizador do festival, Roberto Medina diz que ali o compromisso com o que é familiar ao público é mais forte:
— O show mainstream tem que ter grande público, é a filosofia do Rock in Rio desde o início. Mas tentamos renovar em alguns aspectos. Queríamos trazer um nome diferente do metal nacional, por isso a presença do Kiara Rocks.
No Palco Mundo, portanto, mesmo as apostas são mais calculadas, partem da expectativa de algum apelo popular.
— O Ghost (banda de metal com integrantes mascarados e figurino que faz uma estilização sinistra da indumentária dos sacerdotes católicos) vai gerar debates — diz Medina. — E Phillip Phillips ganhou o “American idol”.
Medina anuncia que tentará ousar mais nas próximas edições (“Quero pôr mais coisas que não estejam no cardápio principal”), mas por outro lado reafirma que as pesquisas de opinião — realizadas antes e ao longo de todo o festival — continuarão dando a direção.
— Mesmo a rede social não é precisa. Na Espanha, o Rage Against The Machine teve o maior volume de pedidos nas redes sociais, mas seu show foi o pior público. A massa não se reflete na rede social.
Fonte: O Globo/Cultura
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